Preciso falar.

Não tive em você a fortaleza que esperava.
Não encontrei o aconchego em seu abraço.
Em seu olhar não vi um lago de amor no qual eu pudesse mergulhar.
Nunca mais confiei em você. Acredito que você também não confie mais em mim.
Agora somos estranhos um ao outro. Não nos reconhecemos no toque nem no olhar.
Vivemos juntos vidas separadas.
E os laços que nos une são os de sangue. Pai e filho.

Queremos nos reencontrar.
Quero poder te olhar nos olhos outra vez.
Mas preciso de coragem para dar o primeiro passo, pois sei que este passo tem que ser meu.
Tive diversas oportunidades de te abraçar, porém, me acovardei.
Bateu àquela sensação de fraqueza. O medo de uma negativa.
Os calafrios do inconformismo.
Mais uma vez me calei diante de você.

Sei que muitas outras vezes, mais oportunas, deveria ter permitido me calar.
Mas não desta vez.
Agora eu deveria ter gritado,
Todos deveriam ouvir.
Mas como sempre eu contive dentro de mim tudo que sempre me atormentou.

Queria que você fosse meu psicólogo.
Me ouvisse, me entendesse e me ajudasse a chegar a uma solução.
Mas acredito que você não me ouviriam nem se eu gritasse como um trovão.

Então continuaremos assim.
Você cego e surdo;
Eu gritando dentro do meu silêncio.
Continuaremos vivendo a mesma vida separadamente.
Até que um dia, os olhos nos olhos diga tudo.
Nos enxergaremos outra vez.
A vida nos dará mais oportunidades.
Seremos como na verdade nunca fomos.
Mas como nossos sonhos sempre nos mostrou como deveríamos ser.